“É estultícia pôr-se a meditar profundamente, pedantemente, sobre o fabrico de objectos – material didáctico, brinquedos ou livros – destinados às crianças. Desde as Luzes que essa é uma das mais bafientas especulações dos pedagogos. A psicologia que os cega, impede-os de ver como a terra está cheia dos mais incomparáveis objectos de atenção e de exercício infantis.”
Walter Benjamin (“Rua de sentido único”)
Não se pode dizer, evidentemente, que as crianças hoje sejam menos inventivas e menos livres do que as que viveram no tempo em que Rousseau abandonava à Roda os filhos que tivera de Thérèse Levasseur.
Costuma-se dizer que elas, hoje, já vêm com os olhos abertos.
A verdade é que a criança foi colocada num trono, nas famílias burguesas, com o oiro, o incenso e a mirra, saídos das cavernas do Toys ‘R Us, depostos a seus pés. Por outro lado, nunca a sua saúde e educação foram tão vigiadas e normalizadas.
Porém, nunca como agora foi tão sujeita à ditadura da opinião e da moda pedagógica.
Vigora uma especialização, nomeadamente, através da tecnologia dos brinquedos e dos media, que prepara o mundo infantil para a perda da Natureza.
O virtual é uma língua sem passado.
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