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"Confesso que em Itália as minhas simpatias não vão
para os meus compatriotas. São os negligenciados italianos que me atraem e cujas vidas eu vou pintar tanto quanto me for
possível. Porque eu repito e insisto, como sempre fortemente o tenho feito, que
uma tragédia como a de ontem não é menos trágica por ter acontecido numa vida
humilde."
(Miss Lavish in "Room with a view" de E.M.
Forster)
O sentimento da superioridade da sua própria
"raça" transpira por todos os poros na distinta novelista inglesa em
busca dum novo tema em Florença.
É, também, o fruto duma certa cultura que só mostrava, no
palco dos teatros, personagens históricas ou mitológicas, as únicas que se
podiam envolver nos grandes sentimentos e nos mais nobres desígnios. Esse
"huis-clos" era, sem dúvida, fundamental para manter intocáveis as
convicções aristocráticas.
Por muito que fira o sentimento democrático, não me
parece que o sistema de classes possa ser julgado, em todas as épocas, com as
ideias de hoje. No fim de contas, até
Marx admitia que a burguesia teve o seu tempo de "redenção" ( quando
ainda não se opunha à "marcha da História").
Os preconceitos de classe são tão "naturais"
como os da raça e, da mesma forma, "inevitáveis", se os bebemos
"com o leite materno". Claro que muitos fazem o esforço necessário, mas esse esforço é a melhor prova de que o preconceito lhe preexiste.
Veja-se o artigo no Público de hoje:
"'Há uma grande componente cultural que molda os
estereótipos e os preconceitos que os cidadãos têm sobre certos grupos étnicos.
Nos Estados Unidos, os indivíduos são expostos a associações negativas entre
alguns grupos étnicos e actos de agressão e intimidação. Esta exposição, ao
longo do tempo, infiltra-se nas associações que as pessoas fazem, mesmo que, a
nível pessoal, um indivíduo não acredite nesse estereótipo”, disse ao PÚBLICO
uma das autoras do artigo, Jennifer Kubota, do Departamento de Psicologia da
Universidade de Nova Iorque."
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