quinta-feira, 14 de junho de 2012

A CARBONÁRIA FINANCEIRA



A crise divide os portugueses porque não se inventa uma política nova só porque as condições de vida pioraram.

Desde que a polícia não interfira, discutimos e haveremos sempre de discutir, o que é, sem dúvida, uma boa coisa. É certo que diante do perigo os esforços para a unidade deveriam ser mais fáceis. A ameaça externa, em geral, une os desavindos da véspera, porque o homem, como diria Spinoza, inclina-se para "perseverar no seu ser".

Não deixa de ser estranho, porém, que a crise, entre nós, continue a ser vista como uma manigância do inimigo interno (de estimação) e que os partidos prossigam, apenas com um pouco mais de adrenalina, o seu costumeiro jogo de demarcação  e os vários, mas sempre os mesmos, "interesses corporativos" continuem a castigar, exclusivamente, o grande animal de carga representado, com a respectiva albarda, nas gravuras do Bordalo Pinheiro, como se a crise não fosse com eles.

Ninguém já pode ter ilusões sobre a gravidade do que se está a passar. Contudo, o futebol continua a ser a única ideia verdadeiramente nacional. Periodicamente, renascemos como povo nas esperanças da "selecção", para logo que acabam as "transmissões" cairmos outra vez na apatia, enquanto as elites no poder tratam da sua vida.

O "pane et circenses" funciona sempre. Falta quem ponha mão na carbonária dos banqueiros que querem levar o jogo "à glória".

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