(Andrei Tarkowski) |
Andrei, o poeta russo, atravessa o país para mostrar a Madonna del Parto (Piero della Francesca) à bela tradutora de italiano.
Mas não entra. Não quer perder a memória dum parto real.
E o livro de poemas atira-o contra a parede, porque não acredita em traduções.
Em Tarkowski, a natureza está sempre em epifania. A câmara detém-se amorosamente, à espera.
A
casa em que vive Domenico (Erland Josephson) é uma ruína que se
transforma em erva e água, sem fronteira. E o mais urgente para este
louco de Deus é atravessar a piscina termal com uma vela acesa. Mas
encontra sempre a oposição dos outros que não compreendem esta lógica e a
sua urgência.
Eugénia
é a mulher que não sabe ajoelhar e para quem a beleza é uma espécie de
maldição que a condena à busca da felicidade (não é isso o mais
importante, dirá o sacristão).
Em
"Nostalgia" não há actualidade. Há uma distância demasiado grande entre
a realidade de cada personagem (a Rússia fica quase para além da
física) e o presente em que as vemos movimentar-se. Daí a dor do
regresso.
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