terça-feira, 5 de junho de 2012

A QUEDA DO IMPÉRIO



"O declínio de Roma foi o efeito natural e inevitável da grandeza imoderada. A prosperidade amadureceu o princípio da decadência; a causa da destruição multiplicou-se com a extensão do império; e tão logo que o tempo ou o acidente removeram os suportes artificiais, a estupenda construção cedeu à pressão do seu próprio peso. A história da ruína é simples e óbvia; e em vez de inquirirmos por que é o Império Romano foi destruído, deveríamos antes estar surpreendidos que ele tenha subsistido tanto tempo."

(Edward Gibbon)


Gibbon não descobriu nenhuma lei que condenasse à partida o Império por causa do seu tamanho, embora uma multidão de factos, desde o Antigo Egipto aos dinossauros pareçam justificar a analogia.

De facto, tirando a Igreja Católica, não existe contra-prova. Aquela entrou no terceiro milénio e já passou por períodos de prosperidade e de decadência e conheceu, além disso, a negação do seu próprio espírito, com a Inquisição, e o que teria sido fatal em qualquer outra instituição revelou-se mais uma "provação" vencida.

João Paulo II estava convencido, apesar disso, que a Igreja sofria de "um complexo de inferioridade" perante o mundo moderno e dedicou-se a uma espécie de contra-ofensiva que, mais do que qualquer outra coisa, lhe granjeou a fama de ultra-conservador.

Aquilo a que Auguste Comte chamava de poder espiritual, hoje, em nenhum lugar está tão significativamente representado como nessa Igreja "acomplexada" e cercada por todos os lados. Todas as outras vozes, com efeito, são "opiniões" e nada mais do que isso. Só o facto de se poder impor como uma tradição do espírito e de se poder reclamar duma verdade transcendente torna a Igreja, ao mesmo tempo anacrónica e "providencial". Esse "anacronismo" é o pólo que falta a um mundo unidimensional.
 

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