Munique (1945) |
"Senti que me movia entre multidões de devedores
insolventes, como se toda a gente me devesse alguma coisa e se recusasse a
pagar."
(Primo Levi, citado por Tony Judt)
É esta a impressão que recolhe o antigo prisioneiro de
Auschwitz, ao passar, depois da guerra, pelos escombros de Munique.
E, de facto, os que deviam tudo acabaram por não pagar. A
sua colossal dívida de guerra foi escamoteada pelo Plano Marshall. A Alemanha
derrotada só teve um credor que foi ressarcido, os EUA, embora os americanos não
sofressem a cruenta guerra em casa. Quanto às verdadeiras vítimas e às
indemnizações de guerra devidas aos países que foram ocupados e saqueados, tudo
desapareceu na pira nibelúngica do nascimento do novo 'Deutsch Mark', sob a égide além-atlântica.
É o que se pode ler aqui.
Todo o comportamento da Alemanha moderna no caso da crise
do euro tem sido o da "ética protestante" do dono duma mercearia
atingido de hipocrisia histórica.
Por detrás dessa fachada "virtuosa", está o
pequeno-burguês caricaturado por Marx, e o pânico dos anos trinta do século
passado.
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