segunda-feira, 18 de junho de 2012

LES PETITS BOURGEOIS

Munique (1945)

"Senti que me movia entre multidões de devedores insolventes, como se toda a gente me devesse alguma coisa e se recusasse a pagar." 


(Primo Levi, citado por Tony Judt)


É esta a impressão que recolhe o antigo prisioneiro de Auschwitz, ao passar, depois da guerra, pelos escombros de Munique.

E, de facto, os que deviam tudo acabaram por não pagar. A sua colossal dívida de guerra foi escamoteada pelo Plano Marshall. A Alemanha derrotada só teve um credor que foi ressarcido, os EUA, embora os americanos não sofressem a cruenta guerra em casa. Quanto às verdadeiras vítimas e às indemnizações de guerra devidas aos países que foram ocupados e saqueados, tudo desapareceu na pira nibelúngica do nascimento do novo 'Deutsch Mark', sob a égide além-atlântica.

É o que se pode ler aqui.

Todo o comportamento da Alemanha moderna no caso da crise do euro tem sido o da "ética protestante" do dono duma mercearia atingido de hipocrisia histórica.

Por detrás dessa fachada "virtuosa", está o pequeno-burguês caricaturado por Marx, e o pânico dos anos trinta do século passado.

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