Não se pode falar de corda em casa de enforcado, e foi o
que aconteceu a Obama, ao referir-se aos campos de concentração 'polacos'.
Agora, as autoridades daquele país exigem uma retratação pessoal do presidente
americano. Que em vez de campos polacos diga, pelo menos, campos 'na' Polónia.
Uma simples preposição pode serenar as águas da diplomacia.
Apesar de não estarem em causa, parece, as intenções de
Obama, não se permite ao representante da nação mais poderosa uma imprecisão
tão significativa. É que, no momento em que a Alemanha volta a mostrar a sua
força pouco tranquila, os países que mais sofreram com as duas guerras mundiais
não pretendem deixar passar um "o que lá vai, lá vai."
As novas gerações na Alemanha não conheceram o nazismo e
não têm, aparentemente, qualquer responsabilidade nos campos de concentração.
Isso não quer dizer que a horrenda dívida da sua nação possa algum dia
prescrever. E assim como a Alemanha se reclama, ainda hoje, e com toda a
justiça, dos seus grandes nomes na música e na filosofia, tem de assumir o seu
lado monstruoso. Ora, não é só com museus e arquivos que se preserva a memória
dos factos.
O que este incidente semântico vem demonstrar é que a
Europa continua a temer o monstro nessa outrora pacífica nação. Era assim no tempo
dos principados. Mas a cada união (ou reunião) de forças, o seu poder revela-se
embriagador. Como os elementos da pólvora que não são perigosos enquanto
estiverem separados.
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