sexta-feira, 1 de junho de 2012

GERMÂNIA

Albert Speer presents Hitler with a model of the German Pavilion designed for the World's Fair in Paris, 1937. Mary Evans Picture Library


Não se pode falar de corda em casa de enforcado, e foi o que aconteceu a Obama, ao referir-se aos campos de concentração 'polacos'. Agora, as autoridades daquele país exigem uma retratação pessoal do presidente americano. Que em vez de campos polacos diga, pelo menos, campos 'na' Polónia. Uma simples preposição pode serenar as águas da diplomacia.

Apesar de não estarem em causa, parece, as intenções de Obama, não se permite ao representante da nação mais poderosa uma imprecisão tão significativa. É que, no momento em que a Alemanha volta a mostrar a sua força pouco tranquila, os países que mais sofreram com as duas guerras mundiais não pretendem deixar passar um "o que lá vai, lá vai."

As novas gerações na Alemanha não conheceram o nazismo e não têm, aparentemente, qualquer responsabilidade nos campos de concentração. Isso não quer dizer que a horrenda dívida da sua nação possa algum dia prescrever. E assim como a Alemanha se reclama, ainda hoje, e com toda a justiça, dos seus grandes nomes na música e na filosofia, tem de assumir o seu lado monstruoso. Ora, não é só com museus e arquivos que se preserva a memória dos factos.

O que este incidente semântico vem demonstrar é que a Europa continua a temer o monstro nessa outrora pacífica nação. Era assim no tempo dos principados. Mas a cada união (ou reunião) de forças, o seu poder revela-se embriagador. Como os elementos da pólvora que não são perigosos enquanto estiverem separados.

0 comentários: