"(...) o futuro nunca é um prolongamento do passado
nem uma sua extrapolação."
(Karl Popper)
Mas a que se dedicariam, então, os vários 'especialistas'
em fazer previsões para o futuro? A única previsão que devia ser tolerada é a
que se fundamenta na experiência do 'homo sapiens': a de que, a prazo, estaremos todos mortos, como dizia Keynes.
O súbito desemprego de tanta gente competente em traçar
'cenários' e em desempenhar o papel de Cassandras da economia lançar-nos-ia em
plena desorientação.
A mais recente invenção do "sistema" (por
higiene mental, devemos abster-nos de o qualificar, ou só o deveremos fazer
quando se produzir uma alternativa, nem que seja utópica) é a de tentar antecipar esse
futuro que não pode ser "um prolongamento do passado", nem "uma
extrapolação", como "profecia auto-realizante", através da
avaliação. Não se pode prever o futuro, nem é sério apresentar 'cenários' com
base em alguns parâmetros pretensamente controlados.
Diz Jean-Claude Milner (citado por António Guerreiro) que
"os avaliadores são os sofistas do nosso tempo; que a sofística da
avaliação resolve sumariamente a questão dos critérios e da legitimidade dos
avaliadores."
No caso das agências de 'rating', até se tem verificado
que essa questão dos critérios e da legitimidade não é relevante. Os
avaliadores podem ter um interesse mais do que conspícuo na avaliação, nem serem
sancionados pelos erros mais clamorosos. A sua influência não é perturbada por
isso. E só pode haver uma razão para este funcionamento "paranóico":
é que a avaliação é uma peça fundamental da especulação financeira. Não havendo
concorrência (europeia, por exemplo), até se pode dar ao luxo de não precisar
de ser 'credível'.
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