segunda-feira, 11 de junho de 2012

SADO-MASOQUISMO


"Justine apenas agrava a sua situação ao procurar fazer favores por benificência, precisamente porque ela só fazia o bem a fim de tranquilizar a sua consciência e para a sua própria salvação."

"Sade, mon prochain" (Pierre Klossowski)


Por outras palavras, para Klossowski, a heroína 'positiva' de Sade é uma espécie de rentista do Céu. Só faz o bem por interesse. O seu egoísmo é paradoxal porque tem toda a aparência do altruísmo. Se a crítica do farisaísmo prevalecesse, talvez que a balança da justiça não mostrasse um grande desequilíbrio em relação a Juliette.

No que Sade seria ainda moralista.

Mas o aparelho sado-masoquista não deixa qualquer espaço à ética. O prazer de infligir ou de sofrer a tortura está tão distante da moralidade como o legado do capitalista à arte ou à ciência. As fundações, para lá do estratagema fiscal, são os modernos mausoléus. E ninguém se lembraria de os classificar sob a perspectiva da ética.
 

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