"Justine apenas agrava a sua situação ao procurar
fazer favores por benificência, precisamente porque ela só fazia o bem a fim de
tranquilizar a sua consciência e para a sua própria salvação."
"Sade, mon prochain" (Pierre Klossowski)
Por outras palavras, para Klossowski, a heroína
'positiva' de Sade é uma espécie de rentista do Céu. Só faz o bem por interesse.
O seu egoísmo é paradoxal porque tem toda a aparência do altruísmo. Se a
crítica do farisaísmo prevalecesse, talvez que a balança da justiça não
mostrasse um grande desequilíbrio em relação a Juliette.
No que Sade seria ainda moralista.
Mas o aparelho sado-masoquista não deixa qualquer espaço
à ética. O prazer de infligir ou de sofrer a tortura está tão distante da
moralidade como o legado do capitalista à arte ou à ciência. As fundações, para
lá do estratagema fiscal, são os modernos mausoléus. E ninguém se lembraria de
os classificar sob a perspectiva da ética.
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