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"Qualquer que seja a maneira como abordamos o
problema da origem, esbarramos com o muro da ciência moderna, que só é poderosa
na condição de ser abstracta e de fazer pressuposições cujo valor nunca é
garantido. Não são os quadros gerais do espaço e do tempo que nos embaraçam,
como pensava Kant; são os nossos hábitos científicos de pensar, que não são
proporcionados aos problemas metafísicos que é impossível evitar. "
(Hervé Barreau)
Temos de pensar a origem para podermos ter uma história.
Mas é claro que "ninguém esteve lá" e que, por isso, não estamos a
falar do passado.
A ciência, tal como a conhecemos, tem provado que não precisa de fundamentos
sólidos para erguer a sua impressionante arquitectura. Como diz Barreau, pode
continuar a fazê-lo se permanecer abstracta. Mas entendamo-nos, chamar-lhe
abstracta é outra maneira de dizer humana, ou, para ser mais exacto, que
corresponde ao cérebro humano.
Pessoa, que dizia que Jesus não tinha biblioteca,
reclamava-se de ser técnico apenas dentro da técnica, e, fora disso doido,
"com todo o direito a sê-lo".
Fora do abstracto, tudo é "louco" por
definição, se confundirmos a realidade com o poder da ciência. A economia que se considera uma ciência só porque emprega a matemática é a única que está certa e nós estamos todos loucos.
O poeta não tem nenhum argumento, mas reivindica um
direito tão evidente como a própria vida.
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