sexta-feira, 8 de junho de 2012

O PODER DA ABSTRACÇÃO

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"Qualquer que seja a maneira como abordamos o problema da origem, esbarramos com o muro da ciência moderna, que só é poderosa na condição de ser abstracta e de fazer pressuposições cujo valor nunca é garantido. Não são os quadros gerais do espaço e do tempo que nos embaraçam, como pensava Kant; são os nossos hábitos científicos de pensar, que não são proporcionados aos problemas metafísicos que é impossível evitar. "

(Hervé Barreau)


Temos de pensar a origem para podermos ter uma história. Mas é claro que "ninguém esteve lá" e que, por isso, não estamos a falar do passado.

A ciência, tal como a conhecemos,  tem provado que não precisa de fundamentos sólidos para erguer a sua impressionante arquitectura. Como diz Barreau, pode continuar a fazê-lo se permanecer abstracta. Mas entendamo-nos, chamar-lhe abstracta é outra maneira de dizer humana, ou, para ser mais exacto, que corresponde ao cérebro humano.

Pessoa, que dizia que Jesus não tinha biblioteca, reclamava-se de ser técnico apenas dentro da técnica, e, fora disso doido, "com todo o direito a sê-lo".

Fora do abstracto, tudo é "louco" por definição, se confundirmos a realidade com o poder da ciência. A economia que se considera uma ciência só porque emprega a matemática é a única que está certa e nós estamos todos loucos.

O poeta não tem nenhum argumento, mas reivindica um direito tão evidente como a própria vida.

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