"Le bourreau Sanson présentant au peuple la tête de Louis XVI, tel est le titre de ce tableau particulièrement réaliste, signé : Lemasle "témoin oculaire fecit". On pense qu'il s'agit du peintre Louis Nicolas lemasle (1788-1870), toutefois la mention témoin oculaire laisse rêveur car le peintre avait quatre ans lors de l'exécution du roi."
(http://tnhistoiredocuments.tableau-noir.net/pages/mort_de_louis_xvi.html)
Nos seus 'Carnets', Camus cita as palavras do cidadão que tem à sua guarda o condenado Louis XVI: "Eu não estou aqui para vos fazer recados, estou aqui para vos conduzir ao cadafalso." O rei, ainda com a cabeça, tinha-lhe pedido para entregar uma carta à sua mulher.
A inumanidade da resposta está talvez à altura dos 'crimes' atribuídos ao monarca. A ideia da Revolução tinha concentrado na sua quase patética figura todos os ressentimentos da nação, como o símbolo da desigualdade e do poder arbitrário, mas, como não podia deixar de ser, na onda, foi também o culpado de todas as injustiças da vida.
Foi assim no dia em que, entre nós, caiu o regime salazarista. De repente, as esperanças mais loucas, mas merecidas, se tornaram possíveis. Pois não foi uma ditadura que, para fazer jus ao nome, se apoiou numa ignóbil polícia de Estado? E quanto mais completa a condenação desse regime mais inocentes e descomprometidos com o passado saímos todos da longa provação
Pelo seu lado, o cidadão, consciente da sua esmagadora responsabilidade, não podia permitir-se qualquer distância em relação ao fervor revolucionário. Ele tinha à sua guarda o nó de todos os problemas, dificilmente um homem. Glosando o tom trágico da 'Mensagem', atrás do cidadão estava um poder maior, o poder de todo um povo, ou a ideia terrivelmente séria do que passava por isso.
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