"O homem que se arrepende é imenso. Mas quem é que quereria hoje ser imenso sem ser visto?"
(Chateaubriand em "La vie de Rancé")
A razão principal por que o arrependimento não nos torna 'imensos' é que quem se arrepende, quase sempre, já não é o mesmo que cometeu a 'falta'. Porque o arrependimento na hora revela sobretudo a nossa fraqueza, coisa que, por exemplo, um político não se pode permitir. E entre ser justo, mas parecer fraco, e mentir, mas parecer forte, a escolha está feita de antemão.
O povo diz que "palavra de rei não volta atrás". Em todos os seus departamentos, mesmo no degrau mais baixo, o poder não gosta de voltar atrás com a sua palavra. Como isso é impossível de conseguir no ambiente da política, onde se promete o que não pode ser cumprido, ou se sai de um aperto de campanha com palavras ocas, só para afastar as 'traças' que se aproximam de uma aura de empréstimo, faz-se um pacto não muito secreto com a mentira. A política é o lugar onde a distinção entre a verdade e a mentira é relativizada face aos fins partidários ou pessoais do mentiroso.
Mas é preciso compreender a intenção do autor do "Génio do Cristianismo". O homem que se arrepende é o mesmo que comete pecado "não sete, mas setenta vezes sete" por dia, e de cada vez, se for sincero, é perdoado. É imenso, de facto, como a sua 'impessoalidade'.
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