"O Tratado retira tudo à Alemanha, salvo o principal, a força política geradora de todas as outras [...] insensatos seriam os Franceses que contassem com a amizade do povo alemão tornado seu devedor, que não contassem mesmo, no vencido, com o desejo natural de rasgar um tratado que o obriga a trabalhar trinta ou cinquenta anos para se libertar da sua dívida."
(Jacques Bainville: 'Libres Propos')
Isto a propósito do Tratado de Versalhes, de 1919, que ditou à potência vencida, na sequência da Primeira Guerra Mundial, as condições humilhantes que incendiaram o facho nazi vinte anos mais tarde.
Sabemos como, a seguir, os piores vaticínios se cumpriram, com os horrores redobrados de outra guerra.
Apenas seis décadas depois, em plena 'pax europeia', parece que assistimos a um revanchismo germânico, comparativamente 'soft'. É essa nação, com as suas impressionantes virtudes, e os seus não menos impressionantes defeitos (que explicam em boa parte os primeiros sucessos do pintor falhado de Linz) que se encontra no pódio dos vencedores da Economia, é a Alemanha que agora impõe ao 'dolce fare niente' mediterrânico outras condições humilhantes para reparação da rapina dos seus bancos.
O passado não se pode largar na curva da estrada. Aqui, as guerras passadas parecem reclamar um prolongamento balsâmico para os antigos vencidos.
Mas não nos enganemos. A Economia, não menos que a força militar, nunca é um estado definitivo. O 'desejo natural' de rasgar o Tratado faz o seu caminho.
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