sábado, 24 de maio de 2014

CLOACA MAXIMA

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"Era nesse subterrâneo que eles iam fazer as suas necessidades. Fiquei logo a saber com o que contar. E a coisa até se passava numa sala de mármore. Uma espécie de piscina, mas esvaziada de toda a sua água, uma piscina infecta, invadida apenas pela luz filtrada, amortecida, do dia que ali vinha acabar sobre os homens desabotoados no meio dos seus odores e basto vermelhos de puxar a sua sujeira diante de toda a gente, com ruídos bárbaros.

Entre homens, assim, sem formalidades, perante o riso dos que se encontravam em volta, acompanhados dos encorajamentos que se davam como no futebol."

"Voyage au bout de la nuit" (Louis-Ferdinand Céline)

Lembro-me que em Kafka ("America") há uma cena semelhante. A felicidade deste convívio excrementício aproxima dos antigos romanos estes americanos do período da construção do seu império .

Em Éfeso, na Ásia Menor, o turista pode imaginar o convívio dessas latrinas, em que os senhores se sentavam, tão seguros da sua superioridade que nenhum problema de "imagem" se punha perante os seus escravos, a quem, aliás, encarregavam, uns minutos antes de lhes irem aquecer os assentos.

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