Anton Webern (1883/1945) |
"Algures no futuro, até o carteiro vai assobiar as
minhas melodias. "
(Anton Webern, citado por George Steiner)
Um músico tão esotérico como Webern estava decerto
enganado. Mas se não fosse aquele sonho absurdo, talvez não conseguisse ficar
para a história da linguagem dodecafónica e do serialismo.
Na verdade, onde os animais e outros seres mais distantes
ainda da humanidade 'vêem' o 'Aberto', como lhe chamava Rilke, os nossos olhos
vêem para dentro do 'demasiado humano'. A ciência e os mais poderosos
telescópicos olham para 'dentro', para um 'Fechado' que se abre só como uma
porta para outra e outra, sem ter fim.
Deve ter havido um momento na vida de Webern, quando a
música voou com as suas próprias asas (com a sua necessidade), deixando por
terra as andas dum sonho ridículo.
As nossas ambições de um tempo levaram-nos por caminhos
cheios de surpresas e de volte-faces que fazem de nós seres diferentes do que
éramos.
Mas a nossa 'cápsula' numa órbita qualquer precisou dum
desmesurado propulsor para vencer a gravidade.
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