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"Bloom, tendo procurado livros com exercícios para
esquecer, não encontrou um único; e procurou muito."
"Uma viagem à Índia" (Gonçalo M. Tavares)
Porque não se ensina o que até os animais 'sabem'. O
esquecimento faz parte do mesmo fenómeno que aplana as pirâmides de Gisé.
Mas dado que o nosso tempo não é o desses grandes
monumentos e que toda a vida humana é curta comparada com a da arte, como diziam
os antigos, a lembrança, que é o contrário do esquecimento, e o esquecimento voluntário que não é sofrido
nem natural, definem-nos, talvez, melhor
do que a qualidade de racionais.
Não vivemos, como povo, 'agarrados' a uma grandeza
passada. Esquecemos bons e maus costumes para sermos iguais aos outros. E todos
se parecem, cada vez mais, com o povo mais 'desenraizado' (na verdade foi um
transplante europeu) que já houve: o americano.
Não parece ter-lhe custado esquecer o chamado 'espírito
pioneiro' e a sua frugalidade para se tornar no maior consumidor do planeta, conforme o desígnio da elite dos negócios.
Este 'esquecimento' foi tão natural como preferir a riqueza à pobreza.
A realidade económica veio lembrar o básico a este
egoísmo voraz que é o de que o planeta não pertence a ninguém e que não há
'condomínio fechado' que possa eternamente ignorar a existência dos outros.
A insegurança que deve ser a coisa mais bem distribuída
entre os ignominiosamente ricos; não os deixa esquecer. São como os nossos
credores que não nos deixam voltar ao suave esquecimento das antigas virtudes,
mas de tal maneira que parecem guiados pela ideia estúpida de que vão ter, como o
judeu Shylock, a "libra de carne humana" e o dinheiro
ao mesmo tempo.
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