sexta-feira, 26 de outubro de 2012

O SEGUNDO ABSOLUTO

thetechjournal.com




"A comunidade dos negócios americana fixou como objectivo mudar radicalmente a psicologia que tinha construído a nação - transformar os trabalhadores americanos de investidores no futuro em gastadores no presente."

"The end of work" (Jeremy Rifkin)


A primeira 'surpresa' é de que conseguiram alcançar esse objectivo. Não por qualquer idealismo a favor do melhoramento das condições de vida dos consumidores, mas para disporem de um mercado para escoar a produção das suas fábricas.

Mas à medida que crescia a produtividade nas empresas, o número de trabalhadores necessários para realizar o mesmo produto minguava drasticamente, criando um novo estrangulamento nas vendas. Os trabalhadores no desemprego ou no subemprego falham no 'seu' papel de consumidores.

O crédito ao desbarato, concedido mesmo a insolventes (ver a crise do 'subprime'), foi o último balão de oxigénio e rebentou-nos na cara em 2008.

Foi fácil a conversão dos trabalhadores em consumidores criando ao mesmo tempo um apoliticismo de massas.

Agora, a sociedade de consumo revelou a sua fraqueza essencial. Ela depende do emprego que a tecnologia extingue impiedosamente para contentamento do mundo dos negócios e dos quadros superiores das empresas pois que lhes permite auferir lucros e bónus nunca vistos. Na falta do emprego, dependeu do crédito cego até há pouco tempo.

A tecnologia que está na origem desta revolução nunca é posta em causa, e parece ser o sinal dum progresso que todos aparentemente desejam. A tecnologia é, de facto, incontestável. É como no debate entre a ciência e a religião. Esta está à defesa sempre, porque é incompreensível a crítica da inovação. Mesmo quando é inspirada pela corrida aos lucros e aos bónus.

Pela segunda vez na história (depois de Deus) encontrou-se um absoluto.

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