Lord Byron (1788/1824) |
"Logo que a experiência dos tempos razoáveis da vida
pode atacar uma das minhas imagens, eu abandono-a, não quero que o leitor
encontre em mim as mesmas sensações que na Bolsa."
(Lord Byron a Stendhal, segundo este)
Para o grande poeta inglês, enamorado de Sintra, a Bolsa
seria um lugar 'razoável' (a lógica dos interesses?), diferente da paixão do
jogo. E não se pode negar que se o mercado é, além de outras coisas,
evidentemente, um instrumento de medida 'ad hoc' dificilmente substituível, a
Bolsa parece ser a sua quinta-essência.
O instrumento pode ser razoável, quem se serve dele é que
muitas vezes não é. No "Eclipse" de Antonioni, temos um vislumbre
desse ambiente. O minuto de silêncio que interrompe o tumulto das ordens de
compra e venda mostra como a 'razão' convive com as piores companhias.
Quanto ao que importa, Byron tem razão. O razoável é
previsível e engendra o tédio na poesia. A única antecipação permitida é a da
forma (a rima, a aliteração ou o ritmo). E essa é como uma disciplina para a
imaginação.
A poesia, mesmo a elegíaca ou a decadente à Soares dos
Passos, cria o seu próprio tempo, um futuro que conserva qualquer lógica à
distância. A lógica que nos permitiria concluir contra a vida.
0 comentários:
Enviar um comentário