Su Xinping (1960-) Dialogue, 1989 |
"O diálogo transforma-se, então, num jogo praticado
por dois interlocutores, em conjunto associados contra a interferência e a
confusão, digamos contra um indivíduo obstinado em romper a sua
comunicação."
(Michel Serres)
Não se pensa o bastante nessa qualidade 'militante' do
diálogo. A palavra está cercada de ruído e é preciso criar um espaço favorável
à comunicação.
Evidentemente que nós próprios podemos interferir nessa
comunicação, por exemplo, com o solilóquio habitual ou com as nossas defesas
'anti-aéreas' contra tudo que pode atingir o bastião dos nossos preconceitos.
Estar todo presente num diálogo pressupõe, de facto,
quase o impossível, e há qualquer coisa de 'milagroso' em dispormos, quando queremos,
da atenção absoluta (a atenção de que falava Simone Weil).
Este trabalho de não deixar entrar o mundo é, claro, dos
dois interlocutores, o que torna a coisa ainda mais rara.
Sempre me fez pensar o facto de, por exemplo, o
espectáculo do mar não ser, normalmente, uma experiência 'transcendente', mas
mais um encontro connosco mesmos, pelo menos com a parte cogitante de nós.
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