Agustina Bessa-Luís |
"- Não, não posso acreditar. Mas, por outro lado, li em qualquer parte que escolhemos uma época para recordar que não tem nada que ver, necessariamente, com as nossas próprias recordações. Acontece muitas vezes rejeitarmos as próprias recordações. A realidade não nos prende à vida. Tu que dizes?"
"Ordens Menores" (Agustina Bessa-Luís)
Freud passou por aqui e a interpretação dos sonhos, a 'reescrita' do passado segundo o interesse vital. Este passado é de ordem poética. Os historiadores exploram os 'factos' segundo os grandes sistemas de sentido. Michelet ou Oliveira Martins romanceavam na tentativa de trazer esses factos à vida.
Para que tenderão o registo dos acontecimentos 'significativos' e a hermenêutica do historiador sem a poesia individual ou colectiva?
Uma resposta pode ser a de Lula, a personagem de Agustina. Para a interpretação do passado que 'nos prenda à vida'. O que numa primeira abordagem talvez sejam, simplesmente, os 'interesses'...
Porque, em última análise, não há história 'objectiva' (temos sempre de perguntar 'para quem' se erige esse passado).
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