sexta-feira, 7 de novembro de 2014

LIVRE E GENEROSO


René Descartes


Em Descartes, o "conatus", quando falamos do homem, é a vontade de permanecer livre.

E não está essa definição mais perto da vida, quando pensamos que tudo aquilo que nos diminui e em nós enfraquece a vontade de viver, como a doença ou a velhice, representam sempre uma maior dependência e uma menor liberdade?

Mas a grande intuição cartesiana, ainda hoje surpreendente, é a da generosidade, como "a chave de todas as outras virtudes" e o "remédio contra todos os desregramentos das paixões", generosidade que nos permite "estimarmo-nos a nós mesmos pelo justo valor".

Ou seja, o homem que introduziu o racionalismo moderno é o mesmo que atribui a um sentimento complexo, como a generosidade (acção da alma e paixão ao mesmo tempo), o melhor meio, não de nos conhecermos, mas de sermos justos, a começar connosco mesmos.

Está aqui um interessante desafio à célebre injunção escrita no frontão do templo de Apolo, em Delfos. Conhece-te a ti mesmo.

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