Abby Schlacter, Queequeg in her Coffin II, 1997 |
"(...) and when our smoke was over, he pressed his forehead against mine, clasped me round the waist, and said that henceforth we were married; meaning, in his country's phrase, that we were bosom friends; he would gladly die for me, if need should be."
"Moby Dick" (Herman Melville)
A cena em que um temeroso Ismael, já metido debaixo dos cobertores, espera que a espécie de canibal com quem terá de partilhar a cama lhe apareça e, quando ele entra, julgando-se sozinho, desnuda um corpo cheio de incríveis tatuagens e se entrega a uma estranha cerimónia com um ídolo retirado da mochila, foi o que melhor me ficou gravado da primeira leitura de "Moby Dick", na adolescência. E o nome do arpoador: Queequeg.
Relendo essas páginas que empolgam a imaginação, encontro facilmente nessa cena o símbolo dum desforço sexual que o primitivo tira do homem branco.
O erotismo da cena é inescapável, e os gritos de Ismael que acabam por acordar o estalajadeiro têm uma conotação histérica.
Que Queequeg se venha a revelar um gentleman à sua maneira, não é a menos saborosa das surpresas.
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