terça-feira, 1 de abril de 2014

PRIMAVERA

Auguste Comte


"Medito neste momento sobre um pensamento de Augusto Comte, que diz que as mudanças possíveis são muito pequenas, mas suficientes."

(Alain)

Não suficientes, de qualquer modo, para os que têm pressa de chegar "rumo à estrela polar", como no verso de Gedeão.

Não se pense que a impaciência é só característica da juventude. Alguns velhos querem fazer do seu tempo de vida a 'coda' final que resume e confirma as convicções de uma vida.

No tempo em que os sacerdotes egípcios guardavam os segredos do céu no templo, as coisas não corriam de todo. A mudança é uma ideia moderna e a aceleração do tempo é de ontem.

No nosso canto da Europa, já vimos os regimes sucederem-se e assistimos ao 'desembarque' na lua, a par de outras maravilhas como a internet.

As mudanças possíveis são, porém, realmente pequenas. Dá a ideia que cinco anos bastaram para o 'Ancien Régime' dar lugar à maior mudança política até então verificada, à ceifa dos revolucionários e à instalação do novo-velho poder (a burguesia já detinha o poder de facto). Logo a mudança foi aparente. Pôs-se os pontos nos ii à custa de um massacre.

Mas essa leitura é desiludida. Acima da realidade dos factos, escreveu-se uma história simbólica que é parte da França moderna. Foi essa história que teve as repercussões que se sabem na cabeça dos bolcheviques e na nossa, auto-complacentemente democrática.

É esse tempo 'histórico' que nos faz ver oportunidades, quase sempre perdidas, para as mudanças capitais em sinais 'errados' de uma mudança real, mas lenta e subterrânea.

 

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