No filme de Otto Preminger, "Tempestade sobre Washington", o secretário de estado Leffingwell (Henry Fonda) nomeado pelo presidente, necessita do "advise and consent" do Senado.
Ao princípio do filme, é surpreendido pelo filho adolescente a dizer uma mentira (estava em casa quando instruiu o rapaz para dizer ao telefone que o pai não estava), explicou-lhe que uma mentira 'Washington, DC' não era uma verdadeira mentira, porquanto, do outro lado da linha, sabia-se que era uma mentira e que o 'mentiroso' sabia que o outro sabia.
Mais tarde, a oposição do Senado, liderada pelo senador da Carolina do Sul, conhecido por "C" (o fabuloso Charles Laughton), que contesta a nomeação, desenterra do passado de Leffingwell um 'namoro' com os comunistas e apresenta nas audiências uma testemunha algo desequilibrada que é fácil ao nomeado confundir. Mas a verdade é que, quando jovem, Leffingwell chegara a frequentar uma ou outra reunião de 'célula', antes de se afastar de vez. Teve de mentir nas audiências para proteger um amigo desses tempos. O filme é de 1962, não tão distante assim da nefanda 'caça às bruxas'.
Essa mentira é muito mais difícil de fazer compreender a um adolescente que não espera menos do que a infalibilidade do seu ídolo. Leffingwell desta vez não se livra do aperto com o truque da mentira que não engana ninguém. Compreende que tem de contar a verdade.
É na complexidade da situação que se verifica a necessidade de um juízo moral 'sem rede', sem uma autoridade exterior e sem quaisquer precedentes. Não se trata de uma interpretação da lei, mas de uma verdadeira decisão.
Que sorte para aquele jovem ser ajudado assim a 'entrar no mundo'!
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