Mausoléu de Mao Tsé Tung |
"Um livro recente do académico chinês e conselheiro do Governo Hu Angang argumenta que a revolução Cultural, ao mesmo tempo que foi um fracasso, preparou o terreno para as reformas de Deng do fim da década de 1970 e da década de 1980. Hu propõe agora que se use a Revolução Cultural como um caso de estudo sobre os modos como os 'sistemas de tomada de decisões no sistema político existente na China podem tornar-se mais democráticos, científicos e institucionalizados.'
Henry Kissinger (On China)
Se Hitler tivesse um mausoléu junto às portas de Brandenburgo, o seu regime podia ter sido considerado um fracasso (afinal perdeu a guerra), porque o actual estado de coisas seria o resultado de políticas no extremo oposto das suas, e seria notória a falta de uma solução de continuidade.
Hu Angang traz agora uma justificação das políticas criminosas do Grande Timoneiro que, embora 'puxada pelos cabelos', deveria igualmente servir para a estabilidade do monumento funerário de Berlim.
Não é verdade que o ex-cabo austríaco 'resolveu' num tempo recorde o problema do desemprego na Alemanha e o do descrédito da democracia de Weimar? E o massacre da Segunda Guerra Mundial não permitiu, com a ajuda dos capitais americanos, o renascimento económico europeu, em novas bases? A guerra arrasou as cidades e a economia, mas, ao mesmo tempo, reduziu a complexidade histórica das sociedades, e com essa 'terraplanagem' eliminou os entraves culturais ao desenvolvimento do capitalismo que hoje conhecemos.
Também o nazismo podia ser um 'caso de estudo', no sentido positivo, se conseguíssemos pôr completamente a ética de lado.
É claro que a China, nesse aspecto, tomou a dianteira. Para isso muito contribui a presença massiva do mausoléu de Mao, na principal praça da capital. Conviver com tal monumento pressupõe, evidentemente, uma censura da história e, também, uma grande flexibilidade conceptual.
Porque ninguém julga o Führer pelo seu mais do que certo lado positivo. Mao Tsé Tung foi o pai da Revolução Chinesa. E a um pai perdoa-se tudo.
No dia em que não se perdoar, o regime acabou.
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