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"O objectivo de toda a publicidade é a insatisfação, ou para dizer de outra maneira, uma escassez de satisfação interna. Esta deve ser continuamente criada, mesmo no momento em que finalmente se comprou alguma coisa. Neste caso, a publicidade tem a função de 'criar' descontentamento em relação à coisa acabada de comprar, uma vez que quando o acto se completou, a compra não tem qualquer outro benefício para o sistema de mercado. O bem recentemente adquirido deve ser rejeitado e substituído pela 'necessidade' de um novo produto, o mais depressa possível. O mundo ideal para os publicitários seria um mundo em que não importa o que se comprasse fosse usado uma só vez e depois deitado fora. Muitos novos produtos foram concebidos para encaixar nesse mundo."
(Jerry Mander, "Four Arguments for the Elimination of Television")
Esta atenção dirigida para o 'lado mau' da publicidade perdeu alguma acutilância nas últimas décadas. Talvez, entretanto, áreas inteiras do nosso mundo tenham resvalado para o 'marketing', de modo a não podermos já distinguir, por exemplo, a política da 'publicidade' e da criação artificial de necessidades. Se alguma indignação subsiste, transitou da televisão, onde o 'marketing' é considerado uma espécie de imposto, às vezes divertido, para o que constitui o 'contrato social'.
Tudo o que Mander, nos anos setenta, disse sobre a televisão e a publicidade pode ser replicado na apreciação da política e da vida em sociedade, onde essas técnicas são ainda disruptivas. O nosso mundo 'natural' inclui necessariamente a crítica daqueles anos, como um dos seus 'momentos', para falar hegeliano.
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