quarta-feira, 13 de janeiro de 2016

OS NÚMEROS PRIMOS



"A série infinita de números naturais é (como a linguagem humana em geral) uma grande invenção do homem. Mas ninguém inventou os 'números primos': foram 'descobertos' na sequência do acto de contar."
(Karl Popper)

Por causa de questões como esta, o filósofo considerava-se um 'realista metafísico'.

O que está para além da natureza (Physis) é ainda Natureza. É a tese materialista. Deveríamos considerar todo o invisível e todo o inaudível, por exemplo, como fenómenos 'metafísicos'? Sabemos como os nossos instrumentos e a nossa razão tornam essa questão sem sentido.

De facto, não podemos ter consciência das últimas consequências dos nossos actos, nem sequer do verdadeiro contexto em que eles nascem. Ficamo-nos pelas aproximações mais convenientes.

Quando 'inventámos' a série infinita dos números naturais não precisávamos de mais do que contar. A descoberta de que esta operação não era tão simples como pensávamos e que implicava o encontro do 3. grau com o impensável dá crédito à ideia de que existem outras propriedades em todas as nossas invenções que são incompatíveis com a noção de que somos realmente os seus autores.

Uma vez mais, a humanidade se vê despojada da esperança de ser alguma vez o sujeito da sua história. Todo o indivíduo se confronta com essa fragilidade, mas sentindo-se parte da humanidade, recompõe-se em Deus ou no 'falso infinito' do Semelhante.

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