|
"(...) ele quis acordar do sono antropológico todos aqueles 'que não querem pensar sem ao mesmo tempo pensarem que é o homem que pensa.'"
(Jürgen Habermas, referindo-se a Michel Foucault)
Como se sabe, Kant tentou despertar-nos, a primeira vez, de um sono 'dogmático', sono que impedia a razão de reconhecer os seus próprios limites e a fazia correr atrás dos nossos sonhos.
Mas, entretanto, a filosofia descobriu um sono mais profundo ainda, aquele que tem sustentado, há mais de dois milénios, a noção de sujeito que está na base da civilização ocidental e do próprio monoteísmo.
Desde que o objecto de estudo passou a ser a forma e as condições do pensamento, a estrutura linguística e as suas regras, de acordo com o programa materialista (que já vem de Demócrito - Marx dixit), a 'hipótese de Deus' tornou-se, de facto, supérflua (Laplace).
O inesperado surge com a necessidade teórica de fundamentarmos a existência de um sujeito individual que pensa, depois da genial tentativa cartesiana. E dá-se que a hipótese de tal indivíduo, pode ser, também ela, afastada.
A conclusão é a de que não podemos pensar o que pensamos. Algo, a linguagem, o contexto, a história, a Natureza, nos confisca essa autoria. Já dizia o poeta: 'o que em mim sente, está pensando'. E Freud cavou no mesmo terreno com o seu Inconsciente.
Até a fórmula de Alan Kay, um pioneiro dos computadores ('A melhor maneira de predizer o futuro é inventá-lo.'), parece parte de uma hipnose.
0 comentários:
Enviar um comentário