domingo, 31 de janeiro de 2016

HOMO SIMPLEX




"(...) a ideia que Engels retirou de Saint-Simon: a dominação dos homens pelos homens cede lugar à administração das coisas."
(Jürgen Habermas)

Foi esta fórmula que inspirou a Lenine a célebre parábola da cozinheira, suficientemente instruída para dirigir o Estado proletário, a qual, por sua vez, esteve na origem de "La cuisinière et les mangeurs d'hommes" de André Glucksmann.

A ideia é 'proletária', como diria Alain. Se a sociedade deixar de ser 'artificialmente' complicada pela desigualdade nas 'relações de produção', isto é, quando a 'divisão de tarefas' implicada pelo sistema de produção for apenas técnica e sem consequências políticas e sociais, quando, finalmente, a sociedade, vendo-se ao espelho, se reconhecer numa imagem sem fracturas 'esquizóides' (Deleuze), inconsútil na unidade virtuosa do 'bom selvagem' todos os problemas políticos serão mitológicos e o governo do Estado poderá ser entregue a um administrador ou a uma administradora medianamente competente.

O 'espírito proletário', confrontando-se com um problema mecânico, vai direito ao assunto sem mais subtilezas interpretativas. A ferramenta (a revolução), existindo desde os Profetas Alemães, há só que aplicá-la, pondo fim ao palavreado inútil que mais não é que um sofisma da 'ideologia dominante'.

A realidade, depois desta terraplanagem teórica, torna-se de facto muito simples. E a única divisão que persiste é entre os que têm e os que não têm 'vontade política'.

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