terça-feira, 5 de janeiro de 2016

O PRÍNCIPE


(Niccolò Machiavelli)


"Ele pode realizar muito boas acções, mas quando as circunstâncias requererem um caminho diferente, ele será 'esplendidamente mau'."
(Maquiavel)

Deve cobrar-se aos 'maus' o prazer que sentem em fazer o que é preciso? Eles poderiam, se as circunstâncias fossem outras, sentir o mesmo prazer em fazer o que agrada aos que agora o criticam...

Maquiavel diz que os esporadicamente bons se podem tornar esporadicamente maus, mas de uma forma 'esplêndida'. É a necessidade que distingue a maldade 'esplêndida' da maldade natural.

Na realidade, não há bem nem mal no que é necessário e essa é uma verdade intuitiva. Não se discute uma operação aritmética (na verdade trata-se aqui de um outro tipo de necessidade - geométrica, como alguns lhe chamam), nem a moral é para aqui chamada. O que acontece na vida política é que as 'operações' são muito mais complexas e o resultado não se impõe a todos da mesma forma e com igual clareza.

A arte do florentino é a de dissipar o nevoeiro e procurar a clareza no manual do príncipe. Ao esclarecer a cabeça do Estado, faz um trabalho de saúde pública que tenta evitar aos súbditos os sacrifícios inúteis e o confronto com o inevitável.

Mas não deixa de ser um fatalismo, imposto por meios racionais, que beneficia em última análise o poder do Estado.

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