segunda-feira, 25 de janeiro de 2016

O DESEJO DE LÓGICA




"Como a ideologia, em suma, que pode dar conta de tudo e que pode fazer face a todas as questões porque não são mais do que questões 'retóricas' para dogmas prévios."

(Michel Meyer)

O modelo deste 'fechamento' é o silogismo lógico, que 'responde a priori às questões que poderiam tornar a proposição problemática.' (Idem)

Aqui podemos ver, por parte da razão, um 'desejo de lógica' por detrás do proselitismo ideológico que só não tem sucesso por lhe faltar o mesmo nível de abstracção e de concisão do silogismo. Até o escravo do 'Menon' platónico pode participar do pensamento geométrico e lógico do cidadão ateniense e testemunhar da sua consistência. O que deveria separá-los a esse nível seria a retórica de classe e os respectivos dogmas. Mas nada é menos certo do que a existência nas consciências de uma ideologia e muito menos da 'ideologia alemã' que só surgiria depois do grande cisma da Revolução francesa.

Em resumo, a ideologia não prescinde de uma lógica que não pode deixar de ser confusa para poder ocultar os seus 'dogmas'. A retórica é a arte de satisfazer o 'desejo de lógica' no mar das contradições.



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