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"(...) existe agora uma linguagem do bem e do mal, inteiramente nova, que dá origem a uma tentativa de ir 'para além do bem e do mal' que nos impede doravante de falar com qualquer convicção acerca do bem e do mal. Mesmo aqueles que deploram a nossa condição moral o fazem na própria linguagem que exemplifica essa condição. A nova linguagem é a do relativismo dos valores, e constitui uma mudança na nossa visão das coisas da moral e da política tão grande quanto aquela que ocorreu quando a Cristandade substituiu o paganismo Grego e Romano. Uma nova linguagem reflecte sempre um novo ponto de vista, e a popularização gradual, inconsciente de novas palavras utilizadas de nova maneira, é um sinal seguro de uma mudança profunda na articulação do povo com o mundo."
"The Closing of the American Mind" (Allan Bloom)
O Estado absolutista não descurou a necessidade de controlar a língua e de normalizar as regras da gramática e da sintaxe, tentando, assim, pôr em execução uma 'polícia da palavra' que compreendeu ser tão ou mais importante do que a polícia dos costumes. Mas, no fundo, trata-se de uma utopia política, como aquela que Platão tentou implementar em Siracusa, com risco da sua vida.
O controlo da sociedade sobre o indivíduo parece ser o alfa e o ômega da política. Um controlo eficaz seria compatível com qualquer regime. Levar-se-ia o prisioneiro a louvar as grades e o mais escravo a submeter-se, feliz, porque 'compreensivo', fazendo de Job um caso de rebeldia e de contumácia.
Claro que a 'sociedade', depois de Marx, pode ser vista como a mais ingénua das imposturas. O controlo social é, antes de ser do interesse da sociedade como um todo, satisfaz os privilégios da 'classe dominante'. Estas são palavras que já foram novas e que mudaram a maneira de pensar das pessoas.
Mas hoje existem outras palavras que expõem esse dogmatismo, uma vez revolucionário, e denunciam a natureza retórica dos seus argumentos.
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