"Alain é daqueles que sabem que crêem, e não daqueles que crêem que sabem."
(André Sernin)
Não podemos culpar a Europa que cumpre uma rotina ao mandar-nos os seus 'legatis in partibus' para nos lembrar os nossos compromissos, de acordo com regras consentidas, regras que, desde o princípio, servem para normalizar a 'relação de forças' e a violência da sociedade real. Não preciso de lhe chamar capitalista, o que tal sociedade obviamente é, porque no capítulo da violência estrutural, nenhuma utopia política que até agora se tenha tentado levar à prática foi capaz de resolver esse problema.
O poder da União Europeia não se pode definir por nenhuma das alternativas em epígrafe. Com efeito, não precisa de crêr que sabe, nem de saber que crê. Porque toda a sua ciência é administrativa e fiscalizadora das suas condições de auto-preservação, e mais não se pode pedir à burocracia, ou ao 'Afável Monstro de Bruxelas', como lhe chamou Hans Enzensberger. Como a União não existiria sem a criatura, com mais ou menos decoração democrática, o melhor é procurar outro antídoto, dado que uma certa dose de burocracia é sempre necessária.
Se isto for verdade, Catarina Martins (não falo do resto da esquerda porque tem uma história de bloqueamento suficientemente elucidativa.) talvez não seja tão irrealista como parece nas entrevistas da televisão. Porventura ela sabe que crê, porque ninguém sabe, e muito menos os técnicos de economia e as agências de notação que, no entanto 'existem', como verdadeiros escolhos.
Mas a política pode ser um mar agitado e o importante é encontrar passagem entre Cila e Caríbdes.
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