"Em todo o sofrimento, emoção, paixão, há um estádio em que isso pertence ao próprio homem no que ele tem de mais individual e de mais inexprimível e um estádio em que pertence à arte."
(Albert Camus)
O que seriam aqueles sentimentos se o pensamento ou a arte não os 'modulassem' numa forma que pode, até certo ponto, distanciar-se de nós e ser por nós contemplada?
Uma amálgama caótica resultante dos choques de um ambiente em que ficamos indistintamente envolvidos. Uma espécie de estado oracular através do qual o próprio universo parece balbuciar. Assim o entenderam os Antigos, seguindo a ideia de que, neste mundo (e no outro), 'tudo está ligado'.
A arte e a linguagem parecem confundir-se nessa função de fazer aparecer o mundo, de o replicar no nosso molde.
Mas não é o mais individual no homem que surge antes da forma artística, no automatismo enigmático da pitonisa que lhe é ditado pela natureza. É, pelo contrário, o colectivo e o animal.
Só o 'artista', na sua actividade criativa, pode atestar do indivíduo. O mais profundo em cada um de nós não é individual. Mas do que não sabemos, o melhor é o silêncio, diria o autor do 'Tratactus'...
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