"A liberdade ética, (Kant) declara, não é um facto, mas um postulado."
(Ernst Cassirer)
É no sujeito, o mais inesperado 'processo histórico' do Cristianismo, e nele só, que podemos encontrar esse postulado. É uma consequência da salvação individual.
Sócrates é o primeiro pórtico. Preso e condenado à morte pelo Estado ateniense permanece até ao fim senhor do seu destino. É-lhe aconselhada pelos amigos a fuga à sentença e o exílio, mas Sócrates abraça a oprtunidade de se mostrar fiel aos seus princípios e encerrar em beleza uma carreira exemplar.
Todos os factos se conjugam para negar a liberdade do filósofo e a moral do pedagogo. Mas a factualidade não pode impedir o condenado de se sentir livre. De, submetendo-se às leis, as considerar injustas e ao abrigo da injustiça que não pode fechar o tribunal interior.
A glosa secular desta liberdade ética, contudo, pressupõe demasiado para sustentar uma autonomia individual que depende, em maior ou menor grau, das circunstâncias.
Platão descreveu-nos a morte do mestre, com uma arte suprema, como se não bastasse um imponderável para fazer dessa despedida, em vez de um sinal de força, um sinal de fraqueza.
Mas é a arte que salva o melhor de nós, e esse talvez seja o primeiro postulado.
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