terça-feira, 29 de setembro de 2015

O IDEALISMO ASTUTO



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"O Terror não é nem subversão do ideal nem subversão pelo ideal. Ele é a próprio violência do ideal, de todo o ideal, porque o ideal não pode deixar de colocar a questão do mal e da salvação.
(Grégory Woimbée)

Esta análise peca por deixar de fora a violência da máquina em que o Terror institucionalizado se transforma. Nesta altura, já o ideal está a ser traído nas consciências.

A Revolução Francesa criou o conceito, e o suicídio dos revolucionários no processo de destilação do ideal que levou à sua 'purificação' numa só cabeça, a de Robespierre, o 'Incorruptível' (este exemplo é suficiente para tornar o 'mundo corrupto' que conhecemos numa espécie de paraíso), revela-nos já o funcionamento de uma máquina verbal, em que o extremismo cada vez mais indepente da realidade faz lei. É a lógica dos argumentos sectários que mata.

E em face do exemplo mais próximo de 'violência do ideal', o do Daesh, ou 'Estado Islâmico' como poderíamos abstrair-nos de uma 'consciência técnica' completamente alheia ao ideal, por detrás da sua manipulação dos símbolos e das imagens à medida das suas necessidades de recrutamento?

A institucionalização do Terror, num verdadeiro Estado, que poderia estender a duração deste movimento de 'purificação' do mundo seria, ao mesmo tempo, o fim do poder de atracção do seu idealismo 'astuto'.

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