sábado, 19 de setembro de 2015

MICROCOSMO




"Sim, as refeições na sala de sete mesas tinham o maior encanto para Hans Castorp. Ele tinha pena que cada uma delas acabasse, mas a sua consolação era que em breve, dentro de duas horas ou duas horas e meia, de novo estaria sentado nesse lugar, e quando ele de novo ali estivesse sentado, era como se nunca se tivesse levantado."

"A Montanha Mágica" (Thomas Mann)


É pouco dizer que somos animais de hábitos e que a tudo nos adaptamos, mesmo a uma eterna convalescença.

Hans Castorp não se sente doente quando, de visita ao seu primo Joachim, decide passar alguns dias no sanatório de Begerhof, em Davos.

A ordem e a tranquilidade que reinam na montanha entranham-se-lhe pouco a pouco, a ponto de, para justificar o prolongamento da sua permanência, começar, com toda a sinceridade, a sentir-se doente. Isto é, conforme a esse microcosmo de sociedade.

Não é apenas a confusão do seu espírito e a falta de sentido da sua vida que explicam esse facto.

Todos encontramos uma Montanha Mágica alguma vez.

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