sábado, 12 de setembro de 2015

O ESPÍRITO DA TEMPERATURA


Pátio do sanatório (Van Gogh)




"(...) eles não podiam, parecia, dizer nem fazer nada que não os traísse, sobretudo numa sociedade que, como o tinha observado um espírito sagaz, tinha tido só duas coisas na cabeça, em primeiro lugar a temperatura, e em segundo...uma vez mais a temperatura (...)"
"A Montanha mágica" (Thomas Mann)



A boa gestão do termómetro, com medições a toda a hora, e a disciplina alemã convertem a população do sanatório de Berghof numa seita de felizes hipocondríacos.

Depois de se sentir menos bem, durante uma caminhada por sua conta e risco, Hans Castorp, submete-se a um exame pelo dr. Behrens que lhe confirma todas as suas suspeitas e lhe prescreve a posição horizontal em "doca seca".

Ao fim de três semanas, tem de aproveitar uma visita médica para lembrar o tempo que já tinha passado. A autorização para se levantar é-lhe concedida, com relutância.

No regresso dum passeio higiénico com o primo, ocorre-lhe pôr-se a questão de saber por quanto tempo ainda Behrens o teria deixado na cama, se ele não falasse...

"E Joachim, de olhar sombrio, a boca aberta como para um "infelizmente!" desesperado, traçou no ar o gesto do infinito."

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