"É uma astúcia do historicismo a de remover toda a resistência à história, que nos nossos dias significa opinião pública, dias em que a opinião pública já estabeleceu o seu reinado."
(Allan Bloom)
É o mesmo que dizer que os 'media' governam o mundo. Mas se fosse assim, devíamos procurar para lá dos títeres. E os donos dos 'media' seriam, então, os verdadeiros reis do mundo democrático.
Mas a essa ideia simplista é preciso contrapor a velha ideia de McLuhan. A de que os meios de comunicação não se cingem a qualquer informação ou desinformação teleguiada pelo capitalista. Eles próprios são a 'mensagem', nas palavras do profeta canadiano. E, de acordo com isso, não podem 'reinar'. São do domínio 'ambiental'.
Bloom neste texto exprime a nostalgia de uma ética intemporal. O historicismo, radicando a eticidade no contexto atira-nos para o fosso do relativismo. Mas, paradoxalmente, pretende fundar nesse relativismo a ideia de um progresso inexorável. Tal como as coisas se apresentam, isso corresponderia a um progresso independente da ética, mas julgado suficiente para nos livrar de um sistema condenado pela doutrina social.
Marx escarnecia de um conceito do homem 'sub specie aeternitatis', mas acabou por transferir essa qualidade para o 'desígnio' da História.
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