A Revolução Cultural
O que mais choca na Revolução Cultural é a rapidez e a amplitude dessa completa inversão dos valores tradicionais.
No meio de eufóricos coladores de cartazes, munidos do imprescindível livrinho vermelho, contra tudo o que tivesse mais de vinte anos de idade, até um homem cabisbaixo, porque o dia lhe correu mal, corre o risco de ser apontado como reaccionário.
A China, esse gigante estendido e imóvel, à mercê dos liliputianos de dentro e de fora, mas sem nunca perder a alma, entrou de repente num frenesi gesticulatório que ceifou milhões de vidas, derrubou as colunas dos templos e as suas estátuas, galvanizado pela personalidade do poder, como o morto no estranho caso do Sr. Valdemar de Edgar Allen Poe.
Talvez se tenha de ver na chamada Revolução Cultural o 'galvanismo' político em estado puro, como um estado zombie solto por um momento das grilhetas burocráticas.
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