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"Falso como um boletim tornou-se um provérbio no tempo de Napoleão."
(Ernst Cassirer)
Até que não se pôde mais esconder o descalabro nos campos da Bélgica. Existe aqui um ponto de contacto entre a guerra e a 'alta finança'. Até se chegar à fórmula do bom banco e do mau banco, os sinais de alerta não paravam de piscar, e depois foi o que se viu. Os 'impérios' podem ruir como qualquer muro no nosso quintal. A diferença é que os 'boletins' da banca nunca se transformaram em provérbio popular. O deus Crédito, como outro Proteu, pôde por muito tempo, e com as cumplicidades que se adivinham, esconder os pés de barro nuns vistosos sapatos Prada.
Dizemos 'alta finança', mas podíamos dizer política (mais baixa do que alta). A política-espectáculo veio para ficar. É tão óbvio que já não nos espanta que, como nos USA ( o 'Futuro' de Pessoa, na 'Noite Antiquíssima', que 'adoramos sem conhecer'), os candidatos prestem homenagem ao 'humor' na televisão. Tão solícitos e comprometidos como a Dama de Ferro que dizia apreciar muito a sátira da BBC ('Yes Minister').
Uma das consequências disso é que o discurso político se tornou literalmente publicidade (enganosa, naturalmente).
O desafecto crescente dos eleitores talvez queira dizer que não apreciam tanto ser enganados por um programa político como pelas mensagens publicitárias embrulhadas em entretenimento.
Mas a astúcia da publicidade é que a mentira consabida fica na memória do potencial consumidor, em vez do vazio.
O engano político (é escusado dizê-lo), mesmo consabido, também. É tudo o que existe.
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