segunda-feira, 14 de setembro de 2015

A REALIDADE CORAL


Claude Lévy-Strauss


"Interpretar consiste em reduzir um tipo de realidade a outro."

Claude Lévy-Strauss


Não deveríamos procurar saber o que acontece com essa 'redução'? Afinal as 'realidades' têm intensidades diferentes e são mais ou menos 'densas'. Suponho que há coisas que não se podem interpretar por não sofrerem 'redução' a qualquer outra coisa conhecida. Como interpretar o divino? Wittgenstein já passou por aqui. Tudo o que se possa dizer a título de interpretação é absurdo.

Mas vejamos o caso da interpretação dos mitos (serão eles já uma interpretação absurda?), ou a dos sonhos pela psicanálise. Todas as dificuldades desaparecem se identificarmos o sentido (a linguagem) com a realidade. Temos então uma interpretação dos mitos que ajuda à construção do mundo inteligível e podemos postular a existência de um inconsciente produtor de mensagens mais ou menos encriptadas, à espera do médico-arqueólogo que as 'interpretasse' em função de outro tipo de inteligibilidade.

Em qualquer caso, a 'redução' da realidade à linguagem não corresponde a uma diminuição do ser, só pelo facto da realidade não ser interpretável. Partimos sempre do facto linguístico.


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