Alain de Botton, em 'A Arte de Viajar', cita Baudelaire: "A vida é um hospital onde cada doente tem a obsessão de mudar de cama. Este quer sofrer diante dos tubos de aquecimento, e este outro pensa que melhoraria perto da janela." É o conhecido aforismo que reza: "Ninguém está bem com a vida que tem". Que espécie de 'seres racionais' seríamos se não quiséssemos melhorar a nossa situação que às vezes depende de uma simples mudança de lugar? A liberdade apenas imaginável faz de nós prisioneiros de um horizonte fechado. A imaginação converte a nossa falta de investimento na situação real em monotonia e desespero.
O poeta estende a toda a humanidade a sua melancolia. É tão eloquente que nos faz esquecer o 'amor fati' por detrás desse pessimismo. O sistema de segurança da nossa prisão (ou do hospital de Baudelaire) é sensível à mínima possibilidade de abrir qualquer fechadura.
Talvez isso não seja mais do que regredir ao conforto uterino...
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