T.E. Lawrence |
"(...) porque uma época que foge da profundidade intelectual só com espanto pode tomar conhecimento de que possui uma psicologia das profundezas."
"O Homem Sem Qualidades" (Robert Musil)
A superficialidade intelectual deve ser, em qualquer tempo, a coisa mais bem distribuída entre os homens (a par do bom senso, claro). É ainda o princípio do menor esforço. E, nos primeiros tempos, é de crer que nem sequer dispuséssemos da energia necessária.
Musil pode querer dizer que, na nossa época, os homens são especialmente preguiçosos, talvez porque prefiram despender as suas forças 'excedentes' (do trabalho) nos dispositivos do prazer que a sociedade lhe oferece. O que seria quase um moralismo, incongruente da parte do mais lúcido dos homens.
A 'psicologia das profundezas', pela sua motivação principal, deveria ser um instinto, apenas mais complexo. Mas desde a 'interpretação dos sonhos' freudiana julgamos saber que as 'profundezas' são tão providas de sentido como a 'superfície', com uma hierarquia articulando os dois níveis, o que introduz uma espécie de 'fatum'. O herói aqui é Lawrence (da Arábia), que diz aos fatalistas que "nada está escrito".
Não deveria ser caso de espanto aprendermos que a nossa preguiça (que tem consequências) tem o preço da nossa liberdade. Mas vigilância e diligência só nos podem salvar da culpa.
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