terça-feira, 18 de março de 2014

TROTSKY EM CASA DOS WEIL

Leon Trotsky

 

Em 31 de Dezembro de 1933, o exilado Trotsky pernoita em casa dos pais de Simone Weil, em Paris. A jovem aproveita essa passagem para interrogar Lev Davidovich sobre a situação na União Soviética. A conversa não é nada amigável, a ponto de ter levado Trotsky a perguntar: - Se pensa assim, por que me recebe em sua casa? Pertence por acaso ao Exército de Salvação?

Este diálogo e o apontamento que se segue são tirados das notas rascunhadas por Simone.

"Este Estado (o Estado soviético), a acreditar em Trotsky, define-se como "uma degenerescência burocrática da ditadura", como "uma ditadura pessoal apoiando-se num aparelho impessoal, que agarra a classe dominante do país pela garganta."

Nesse tempo, ainda havia, pelo que se vê, ditaduras boas e ditaduras más. Trotsky culpava o seu arqui-inimigo Staline de ter usurpado a ditadura da 'classe dominante', mas contradizendo-se imediatamente ao dizer que nada tinha a censurar a Staline "salvo as faltas no quadro da sua própria política".

Simone é mimoseada nesse encontro com o epípeto de idealista (que era, no espírito marxista tão influente na altura, uma espécie de insulto. A resposta não se faz esperar: "- É você que é idealista, você que chama classe dominante a uma classe subjugada!"

O incipiente operariado russo (Trotsy admite que a Revolução de Outubro é "análoga" à Revolução burguesa que não chegou a acontecer no país) só alcançou o estatuto de classe dominante na cabeça de alguns líderes, entre os quais se inclui o criador do Exército Vermelho. Como isso nunca aconteceu, como poderia ser sua a ditadura?

Staline meteu-se nas botas do czar por que era esse o seu temperamento e porque não havia outra coisa a fazer.

 


 

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