"Graças ao incomparável poder de persuasão que possui a força, milhões de homens fizeram aparecer, e em primeiro lugar aos seus próprios olhos, que tinham parte nos direitos sagrados da humanidade, coisa de que mesmo inteligências penetrantes não puderam aperceber-se ao tempo em que eles eram fracos."
Simone Weil
Durante o Governo da Frente Popular em 1936, viu-se o que já não se via em França desde a Comuna. Um movimento grevista que ultrapassava as próprias organizações e a experiência de que alguma coisa mudara para sempre nas consciências.
O movimento espontâneo das massas, como diz SW, não põe, nem resolve problemas. Mas é preciso acrescentar que muitos dos problemas vêm do abatimento geral e da descrença profunda, e é isso que muda quando acontece uma catarse colectiva, como a de Maio-Junho de 1936, em Paris.
A renovada coragem e as novas crenças permitiram o estabelecimento de novas relações laborais, com a negociação de contratos de trabalho e o direito a férias. Nada disso mudou o sistema de produção, em última análise, a verdadeira causa da opressão social (SW). O capitalismo adaptou-se aos novos hábitos e à nova mentalidade. É verdade que o sistema depende desse tipo de desafios para atingir o seu máximo desenvolvimento.
As causas da opressão social estarão, talvez, a migrar do ambiente da produção (em que o clássico 'explorado' tem cada vez menos lugar) para o poder parasita, sobretudo financeiro, que açambarca a maior parte dos benefícios do progresso tecnológico e é o principal responsável pelas crises do sistema. Simone compara o papel destes parasitas e o caos provocado pelas suas 'estratégias' destinadas à conservação e ampliação do poder da oligarquia burocrático-financeira, ao caos desencadeado por outra burocracia - a do Estado Soviético - com os seus planos quinquenais.
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