"Nebraska" (Alexander Payne) |
Há uma cena no filme de Alexander Payne que, a preto e branco, fica ainda mais deprimente. É quando a família dos irmãos de Woody Grant se reúne para saudar a sua passagem pela terra (o 'regressado' é na verdade um pretexto para sairem da sua apatia).
Mas logo que se encontram, regressam ao pesado hábito de esperar a morte diante da televisão, sem sequer pretenderem que alguma coisa de excitante aconteceu. Aquela dúzia de velhos aparca à frente do aparelho sem o menor interesse pelo que se passa no écrã. É como a sala de espera de um hospital em que cada um aguarda, com toda a fatalidade do mundo, a sua vez.
O mais vivo de todos é o 'louco' que se pôs à estrada para receber um prémio que não ganhou.
Estão ali todos, 'postos em sossego'. Não conversam como um grupo. Lançam uma ou outra pergunta para as costas de outro, como se não fosse para ele, nem valesse a pena voltar-se. Os Franceses tem uma expressão para isso: é falar "à la cantonade". Fala-se de nenhum lugar e para ninguém em particular.
Esta América é realmente para velhos. É toda uma 'Detroit' de relações humanas que vai pelo cano da sociedade mais competitiva do planeta.
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