"O eu filosófico não é o ser humano, não é o corpo humano ou a alma humana de que trata a Psicologia, mas o sujeito metafísico, o limite - não uma parte - do mundo."
"O sujeito pensante não existe."
"Tratado Lógico-Filosófico" (Ludwig Wittgenstein)
Ainda ninguém tinha dito tão claramente que uma das consequências de pensar o mundo é a de não nos podermos pensar a pensar, isto é, no meio das coisas que existem sem metafísica, como diria o poeta da "Tabacaria".
Passa-se o mesmo com a ideia de Deus que também não se pode dizer que exista, como objecto para si mesmo. A prova ontológica é, assim, um absurdo. A existência não é uma perfeição a acrescentar às outras porque, como diz Wittgenstein, Deus está no limite que permite pensar a existência.
Mas para o filósofo do "Tratado" a filosofia não pode aspirar a mais do que a uma crítica da linguagem, a fim de que esta "exprima claramente o que se pode exprimir", guardando silêncio quanto "àquilo de que não se pode falar".
Na hipótese solipsista, não há razão para não sermos inteiramente lógicos, visto que, por assim dizer, elidimos a natureza, e com ela todo o problemático. Hegel: "a natureza é tudo o que falta à lógica".
É isso, porém, que recusamos com todas as nossas fibras.
Só saio desta contradição regressando à posição dualista. E o que não existe ( o passado, o espírito) passa a ser real.
Isto é, o mundo e o limite têm de compreender-se no plano inter-subjectivo, onde natureza e lógica são representadas na linguagem.
Sobre esta filosofia, sem falhas, mas que se anula, estou com Bertrand Russell:
"sinto-me incapaz de estar certo da correcção duma teoria, simplesmente pelo facto de não ver onde ela possa estar errada."
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