Fernando Pessoa |
"A mania do absurdo e do paradoxo é a alegria animal dos tristes. Como o homem normal diz disparates por vitalidade, e por sangue dá palmadas nas costas de outros, os incapazes de entusiasmo e de alegria dão cambalhotas na inteligência e, a seu modo, fazem os gestos da vida."
"O Livro do Desassossego" (Fernando Pessoa)
A inutilidade de tudo. A redução ao absurdo como "bebida predilecta" para um organismo exangue e incapaz de agir por falta de ilusões, de ser habitado pelo deus.
Neste deserto, até o quotidiano do escritório da rua dos Douradores assume proporções trágicas.
O niilismo filosófico encontrou em Pessoa o seu cantor. Ele desdobra-se nos outros nomes para povoar a língua, como que para provar que "viver não é preciso".
Mas, com o abalo que sentiu pela partida do moço de escritório, apanhamos o abúlico doutrinário em flagrante delito:
"foi uma parte vital, porque visível e humana, da substância da minha vida. Fui hoje diminuído. Já não sou bem o mesmo. O moço de escritório foi-se embora!"
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