sábado, 24 de agosto de 2013

A MUSA CEREBRAL

 


Denis Diderot (1713/1784)


"Ah! como me seria possível revelar a fraqueza de um sentido que deveria ser em mim mais perfeito do que nos outros, um sentido que eu outrora possuí na maior perfeição, numa perfeição como certamente pouca gente do meu ofício alguma vez teve! - Oh! isso não posso!"

Beethoven ("Testamento de Heiligenstadt")


Não podemos imaginar um pintor cego, mas o mestre de Bonn, aparentemente, é o exemplo de que a melhor música pode ser escrita sem ouvido.

Sabemos que só ele era capaz de "ouvir" algumas passagens do que tocava e que teve de renunciar à condução de orquestra.

Um cego poderia imaginar uma pintura e descrevê-la. Baseado na memória, ou na sensação do tacto, se fosse cego de nascença, a acreditar no que diz Diderot ("Lettre sur les aveugles").

Mas seria isso ainda pintura? E a música que já está na sua forma acabada na cabeça do compositor?

Nestas experiências, a arte ignora a resistência da natureza (nos suportes, materiais e instrumentos) e tenderá, por isso, a ser demasiado abstracta.

Mas diz-se que era assim que Mozart compunha. E sem correcções ainda por cima.

 

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